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2008-01-08

As Brisas da Tarde

Os meninos faziam na rua um alarido displicente, enquanto o calor da casa confundia-me as idéias, sob o velho telhado de amianto da sala esburacada. A pobreza era gritante entre aquelas infectas paredes que, indelevelmente, cercavam-me. Sufocava eu às investidas do vento e da poeira primaveril. Apenas fingia não entender o motivo dos olhos arderem tanto.
Os meninos ainda persistiam em gritar, mais indiscriminadamente que outrora, malgrado tê-los eu pedido-lhes que não o fizessem. A tarde declinava com cores mórbidas a luzi-la, rutilamente. Sabia que tudo aquilo não passava de uma doce ilusão. O sol parecia caminhar por sobre meus ombros desnudos em meio ao calor arrazador das eras, horas, segundos e sóis.
Numa prece singela implorei que o sol se fosse e... se foi, trazendo a noite com seu calor destrutivo de outrora. Flores, mulheres, crianças já não mais faziam o menor barulho. Mesmo assim, porém, não consegui dormir, pois o sol queimou-me suficientemente para que o calor continuasse em minhas vísceras. Não mais tentei dormir. Por fim busquei na memória algo que me fizesse saber o real valor das coisas: sofrer vale tanto quanto viver! “Mas o segredo de toda a existência humana não consiste somente em viver, mas em encontrar o motivo de viver”.


Mauricio Novais
www.recantodasletras.com.br/autores/mauricionovais
literavida-literavida.blogspot.com
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