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2007-10-30

Nas asas de um Corvo (Aparecida Machado)

Nas asas de um Corvo.

As grades desse calabolço, não só prendem meu corpo, como a ânsia de uma liberdade longuinqua, se difundem ao longe junto aquele bosque de afastadas árvores centenárias, que os raios do sol penetram esquentando levemente as folhas secas e a gramínea já morta pelo frio de um outono, que chegou sem pedir licença. Esfriando e umidecendo mais essas paredes de pedras cheias de musgos e lodo, onde empareda também um coração que insiste em bater...
Sempre em manhãs como esta, vejo os raios solares entrar por esta minuscula grade, iluminando um pouco mais o ambiente do que estas velas e tochas espalhadas pelos cantos de uma prisão sem nome...
Já ao anoitecer tenho um único e fiel companheiro; um corvo, que me acalenta a solidão, serenamente ele pousa sobre aquelas grades e ali, profundamente fita meus olhos, quase me pedindo ou roubando a alma... Mas o que lhe peço, com lágrimas nos olhos, quase desfalecendo, ajoelhada perante a grade, vendo brevemente a lua cheia e as estrelas como pontos de saudade em meu coração... Oh! Ave preta! Leve-me junto em suas asas negras, no ar negro da escuridão de uma noite que não finda!...
Quando os anjos da madrugada levantam suas enormes asas azuis, mostrando sutilmente a alvorada em um céu límpido e lilás, ele se despede crocitando, quase me levando à vida...
Mas ele vai e consigo leva minhas lembranças tristes e sombrias, de mentiras e ilusões, que há em uma mente encharcada, ébria em uma loucura que a noite tráz na forma de um sonho real, sem olhos fechados, mas com eles cravados nos olhos daquele que agora, voa, para algum lugar distante no meio da floresta de árvores guardiãs.
Mas deixa também a esperança dessas paredes um dia se tornarem ruínas e delas sairei, para uma vida não vivida, sentir sentimentos jamais sentidos... e ao anoitecer sonhar sonhos, que jamais ninguém os sonhou... Nem mesmo o mais belo dos anjos, vislumbrará quão grandiosa és tú... Oh! Tú... Liberdade!!!


Aparecida Machado.

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