Charlotte
"Passos doces... Em favos de mel"
Beijando a ventania dum dia sem nome. Andando em ruas estreitas em linhas de mãos pequenas.
Cheiro flôr! Arrebitou a pontinha do nariz gelado, nas sapatilhas seus pés dançaram o som melodioso da Casa transparente.
Sim era ela Charlotte com passos doces em favos de mel, gosto de framboesa e asas de borboleta.
Só e branca. Única e singular em seu mundo de melissa.
E andava... Em nenhum momento deixou seu olhar atento ser perturbado por instrumentos uivantes.
Acaba de nascer uma garota sem pais e amigos
Livre como um pássaro ferido. Vivia por um coração pequenino
De pensamentos calados e tímidos se escondia.
Carregava na mochila uma boneca o nome dela era Kandy, além de livros e botões de vidro.
As pétalas também estavam lá secas e danificadas. Ainda tinha um pedaço de chocolate para adoçar os lábios de carmim.
Labirintos de asfalto cinza eram longos e gélidos. Portões de ferro, lanças afiadas, muros brancos.
Andava e andava e via anjos, anjos de mármore, anjos de verdade... Placas douradas na grama, folhas secas, árvores do amor...
Enfim a noite chega para levar a vida. Arcenal de estrelas distantes, artesãos da beleza. Charlotte deitou-se num céu de folhas secas.
Deixou-lhe fugir sonhar com neblina numa noite fria
E sonhou e viu... seu rosto gelado e branco feito de cristal. seu corpo sobre flocos de algodão, Asas de menina.
Longe foi dentro de si. Perdidamente livre, singular, doce e só...
Gemima Alves
16/01/2005
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