Solidão e falta de alguma coisa...
Solidão...
Solidão essa que machuca
Profundamente...
Atrapalhando a mente...
Confundindo a gente.
Ninguém está do nosso lado,
Quando a gente mais precisa.
Tudo de errado acontece.
Tudo cai e se vira contra nós.
Sofremos por amar
E nem sequer sermos percebidos.
Acabamos a chorar
Cada vez mais confusos.
Nossos sonhos e sentimentos
Que vêm a tona, a flor da pele
Agora somem, se desmancham...
Como gotas de orvalho que secam
Como o gelo da geleira que derrete
Como o sal do mar que se dissolve
Como a luz que se dispersa,
até sumir de vista
na escuridão das trevas.
Vida... Vida essa difícil, dura, ingrata
Amor... Amor impossível, complicado, verdadeiro
Sentimentos... Grandiosos, prazerosos, ilógicos
No profundo da alma a gente vai buscar
O que falta para nos completar
Às vezes ela está tão perto,
que a gente nem acredita
Mas ela está realmente lá.
É... lá, ela está lá.
"Lá", e não aqui.
Está perto e longe ao mesmo tempo.
Estamos tão perto dela, que nem imaginamos
Mas ela está tão longe
Como um navio no horizonte
Como um avião rasgando o céu
Como um passarinho no telhado da padaria
Como a distância que nos separa
Essa coisa traz dor, alegria
Nos faz chorar, rir, sofrer, brincar
Ficar sem saber o que fazer
Sem saber o que falar
Mesmo querendo falar tudo,
E não podendo falar nada.
Não podendo porque...
Não. Não temos esse direito.
A gente nunca sabe o que pode vir.
O que está por trás das coisas.
O que se passa dentro dela.
Dela. Ah, ela...
Mas ela é como nós,
Ela também sofre internamente.
Falta talvez comunicação.
Um "esfregar de anteninhas" entre as formigas
Um canto de um pássaro no alto
Um som alegre vindo de um cachorrinho
Uma voz suave vindo lá de cima
Do céu
Do espaço
Do inconsciente
Do sobrenatural, que seja.
Mas uma voz. Uma voz.
Uma voz que nos acalma,
Que nos anima,
Que nos diz o que fazer.
Voz doce, meiga, divina.
Voz que ao soar estremece nossos ouvidos
Que se postam diante dela
Apenas para ouvi-la.
Enquanto isso ela está lá.
Talvez até pensando na gente.
A gente aqui, pensando nela
E ela lá, pensando na gente.
Precisamos conectar nossas mentes
E transferir nossos arquivos de inicialização
Efetuar um login único
Com acesso irrestrito ao sistema,
Ao sistema do amor.
Do carinho, da compreensão.
Do "gostar" um do outro.
Do fato de estar junto de quem se quer.
De quem se quer muito bem.
Precisamos disso para viver.
E sempre pensamos que não podemos ter.
Quando mais próximos estivermos
Então poderemos dizer
Com todas as palavras:
"Você é o ar que eu respiro".
Não esperando uma reação má
Mas também não totalmente convencido.
Precisamos nos arriscar.
Na vida devemos abrir mão de algumas coisas
Se quisermos conquistar outras.
Conquistar outras. Ir para a frente.
Andar. Seguir. Conectar. Usufruir.
Sem limite de tempo,
Sem limite de transferência,
Sem limite de espaço no coração.
A vida agora passa diferente.
Um furacão abasteceu-nos de ar
Temos o oceano todo para beber
E em qualquer ponto estaremos unidos.
Para sempre.
Sem desligar.
Sem desconectar.
Sem ser invadido.
No provedor do amor,
Formado por dois servidores apenas.
Ela e eu. Eu e ela.
Nós. Nós, sem tus.
Marcos Elias
Dezembro de 2004